Ensaio Existencial e Fenomenologico do Desejo
Um Desejo é constituído de uma narrativa, que por sua vez é pautada por um aglomerado de conteúdo significativo (intencionalidade) do objeto de desejo. O conteúdo significativo é marcado pelos aspecto subjetivos da vivência/experiência constituídas por todos os atos de compreensão (Noese) deste objeto de desejo, que fica registrado na memória. Estes aspectos subjetivos será tratada aqui como um aspecto estético.
Por sua vez, a Vontade se configura como um instinto de dominação, sendo um estímulo fisiológico que atiça o sujeito para tomar uma ação, portanto colocá-lo em movimento (potência). No sentido fisiológico podemos dizer que a Vontade se manifesta através da liberação dos neurotransmissores excitatórios (epinefrina, norepinefrina, dopamina, noradrenalina, glutamato, etc).
A Vontade aparentemente expressa uma similaridade com o instinto de luta e fuga, assim dando uma ênfase voltada ao Darwinismo, podemos dizer que a Vontade possui um aspecto naturalista.
A Vontade terá então um caráter de instinto, de estimulo, de potência e por finalidade de dominação.
Então podemos concluir por enquanto, que o desejo parte de uma narrativa pautada em um conteúdo significativo do objeto, que é marcado por aspectos subjetivos, que a princípio dão aparência para a possível experiência. E a Vontade se apresenta como um estímulo fisiológico com a finalidade de dominação.
Seguindo neste sentido, os aspectos estético dos desejos e a Vontade, estão totalmente interligadas em um movimento da Noese estética atiçar a Vontade do sujeito. Portanto, o Ser é estimulado a dominar seus desejos, ou melhor dizendo, é o apolíneo perante o dionísiaco. Aqui o termo dominar não se refere a controlar, mas a conquistar ou aplicar o poder.
Agora vamos discorrer sobre a problematização dos desejos. Alguns desejos podem ser autodestrutivos ou perigosos para os outros. Então a questão que levanto é: Como controlar esses desejos?
Seguiremos alguns passos. Primeiramente, temos que ter em mente, que o desejo é um fenômeno pré-reflexivo em sua genesis, ou seja, a narrativa e seus aspectos do desejo é um ato perceptível e não reflexivo. Dito isso temos que considerar o desejo como um objeto e fazer sua époche fenomenologica, assim separando os aspectos estético da Noese dos atos em si.
Para fins didáticos, vou dar um exemplo de desejo: o desejo de obter um anel de ouro.
Esse desejo possui em essência um caráter puramente estético e/ou simbólico (no caso do anel para casamento). Em ambos os casos, os dados hiléticos, constituídos de afetos, emoções, sentimentos, ou melhor dizendo, os conteúdos sensitivos, assumem um papel muito importante na intuição do desejo. Sendo assim, os dados hiléticos irão servir de combustível para a vontade ascender como uma chama vivida e reluzente. Logo, podemos tomar partido dos dados hiléticos para prosseguir em nossa investigação.
Então temos dois fatores que foram retirados da dissecação do desejo pelo anel de ouro:
1) Dados Hiléticos
2) Caráter Estético
Ambos os fatores podem passar por análise fenomenológica, creio que conforme os desejos sejam elucidados (analisados) pelo sujeito, a vontade vai perdendo seu combustível, pois os conteúdos subjetivos do fenômeno Desejo - que incluí os dados hiléticos e o caráter estético - são pré-reflexivos e quando são tocados no ato perceptível eles se tornam uma evidência.
Tornando-se evidência os conteúdos sensíveis se tornam menos estéticos e mais lógicos.
Para colocar em prática minha proposta não é preciso estudar a fenomenologia, apenas faça o seguinte exercício: quando estiver "possuído" por um desejo fique por um tempo (quanto mais tempo melhor) se perguntando "É isso que eu preciso?". Assim o desejo irá amadurecer, e assim que você tiver uma resposta evidentemente clara, parta para a ação.
Ou você pode fazer um estudo mais detalhado e aprofundado do seu desejo, partindo da análise, isso se tiver conhecimento e prática para realizar.
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